Preços da soja valorizaram de olho no clima da América do Sul
Houve uma valorização da cotação da soja no mês de dezembro. O preço da soja no contrato mais curto em Chicago apresentou aumento de 7% entre o início de dezembro e começo de janeiro, fechando a 5ª feira (12/1) a USD 15,3/bu. Essa valorização possui como principal fator as preocupações com o clima na Bacia do Prata, principalmente pela intensificação da seca na Argentina na última semana de novembro e no começo de dezembro, o que resultou em um atraso ainda maior do plantio que já é considerado umdos piores em mais de 20 anos.
Outro fator que impulsionou as cotações foi a diminuição das restrições ao Covid-19 na China, com a flexibilização da política de tolerância no país e uma possível normalização da demanda no país. Além disso, a valorização dos contratos futuros do óleo de palma influenciaram positivamente as cotações do óleo da oleaginosa contribuindopara a valorização do grão.
As cotações brasileiras apresentaram volatilidade ao longo do mês de acordo com movimentações do dólar. Em Sorriso o grão reduziu 6,3% desde o início de dezembro, com a saca comercializada a R$ 154/sc em 12/1. As exportações de soja somaram 2 milhões de toneladas em dezembro, apresentando uma redução de 25% quando comparadas com o mesmo mês em 2021. No acumulado de 2022, também pode-se observar uma diminuição das exportações na ordem de 8%, com um total de 78,9 milhões de toneladas.
Espaço limitado para queda dos preços em Chicago O balanço global de oferta e demanda seguirá apertado, o que limita espaço para quedas em Chicago. Embora estejamos caminhando para uma safra 2022/23 marcada por um volume robusto de produção em relação à demanda, a instabilidade das condições climáticas deva continuar influenciando os mercados agrícolas, principalmente na América do Sul.
Do lado da oferta, o último relatório do USDA apresentou reduções nas estimativas para as produções dos EUA e da Argentina. Para as safras brasileira e chinesa houve um aumento nas previsões, mas ainda assim, observa-se uma queda de 0,8% na produção global quando comparado com o relatório divulgado no mês de dezembro, atingindo 388 milhões de toneladas. A Conab em sua última estimativa reduziu marginalmente a produção brasileira para 153,5 milhões de toneladas, que pode ser explicada por uma revisão na produtividade do estado de Goiás. Já há outras consultorias revisando para baixo a safra do RS.
Na Argentina, as condições da lavoura também são preocupantes. De fato, o percentual da lavoura classificada como ruim ou muito ruim no dia 5/jan estava em 38% frente a 13% nomesmo período do ano passado. Do lado da demanda, o USDA diminuiu as estimativas de consumo global do grão para 379 milhões de toneladas, 0,4% abaixo do valor divulgado em dezembro, puxado por variações negativas no consumo dos EUA, da Argentina e da China No Brasil, os players também devem ficar de olho em um possível aumento da mistura de biodiesel no diesel a partir de abril, o que o poderia aumentar a necessidade de esmagamento e, consequentemente, impactar os prêmios nos portos.
A análise é da Consultoria Itaú BBA.
Fonte: Agrolink
Data: 16/01/2023